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Historial

 

Em Março de 2002 um grupo de sócios da "Palha de Abrantes" e de cinéfilos formou a secção de cinema da Palha de Abrantes, denominando-a por Espalhafitas - Cineclube de Abrantes. Propunha-se organizar e apresentar um programa de cinema de qualidade no Cine-Teatro S. Pedro e de formação de um público. Este não seria o primeiro cineclube de Abrantes, visto que já existira um em Abrantes durante os anos 60 e 70 do século XX.

O núcleo inicial do cineclube foi:

- Jorge Santos Carvalho,

- Maria de Lurdes Martins,

- Ana Paula Dias,

- Carlos Dias,

- Carlos Campos Coelho,

- José Carreiras.

 

Na fase inicial do Espalhafitas, foram estabelecidos contactos com a Cinemateca Portuguesa e com algumas empresas distribuidoras e embaixadas, e estabeleceram-se as seguintes propostas de trabalho e objectivos:

1. Exibição de ciclos temáticos (do cinema clássico ao de animação) acompanhados de debates e encontros com realizadores, actores e outros profissionais ligados ao cinema;

2. Apresentação de filmes de qualidade (estreias recentes no circuito comercial);

3. Realizar sessões de cinema infantil e juvenil, após o estabelecimento de relações com as escolas do concelho;

4. Ter programação regular (semanal) com 52 sessões por ano, escolhendo-se a noite de quarta-feira para essas sessões de cinema que deveriam contar, quando possível, com curtas-metragens para além da longa;

3. Edição de boletins informativos e outra documentação sobre os filmes/ciclos;

6. Organização de exposições e feiras de livros de cinema;

7. Manter relacões estreitas com a Biblioteca Municipal António Botto;

8. Intercâmbio com outros cineclubes;

9. Criação de uma página na Internet;

 

Numa fase posterior, outras actividades deveriam surgir:

10. Realização de cursos nas áreas do cinema, do vídeo e da fotografia;

11. Apoio a projectos amadores em audiovisuais, tendo em conta o curso de Comunicação Social da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes;

12. Organização de uma mostra/festival de cinema "A Semana do Cinema” (de um pais diferente em cada ano de sua realização).

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Como se constata, todos os objectivos, de um modo ou de outro, concretizaram-se.

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O Outro Cinema

A primeira actividade pública decorreu no dia 15 de Maio de 2002 (quarta-feira) no Cine-Teatro S. Pedro (Abrantes) com a exibição do filme português “O Delfim”, adaptação do romance de José Cardoso Pires. Estiveram presentes cerca de duas centenas e meia de espectadores e essa sessão contou com a presença do realizador Fernando Lopes e dos actores Alexandra Lencastre e Rogério Samora.

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No período inicial, a programação do Espalhafitas estava voltada para a exibição de ciclos temáticos (desde o cinema clássico ao de animação) e para a apresentação de filmes de qualidade (estreados mais recentemente no circuito comercial), já que a região não dispunha, e ainda não dispõe, de uma sala onde se exibia cinema alternativo ao cinema de entretenimento. Para além dessa programação semanal, que ainda hoje se mantém com regularidade às quartas-feiras (excepto no mês de Agosto), começaram a ser programadas, no Verão, actividades de exibição de cinema ao ar livre, bem como sessões de cinema infantil e juvenil, em programação conjunta com as escolas do concelho e, ainda, cinema sénior, em parceria com lares e centros de dia.

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Em parte, estas acções estão voltadas para o trabalho de formação dos espectadores de cinema, começando nas escolas e acabando na terceira idade, com resultados bastante aceitáveis, principalmente no plano infantil e juvenil.

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As sessões regulares de quarta-feira ("O Outro Cinema") foram realizadas no Cine-Teatro S. Pedro até à sua suspensão, em  Dezembro de 2014, por razões alheias à vontade do cineclube. Desde esse ano passaram a realizar-se no Sr. Chiado e no Centro Cultural Gil Vicente (Sardoal).

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As Primeiras Oficinas e Estágios

Com a realização das suas primeiras oficinas em 2006 e 2007, direccionados para a fotografia analógica (a preto e branco e a cores) e para o vídeo, começaram a aparecer as primeiras curtas-metragens documentais produzidas pelo Espalhafitas. Se bem que se trate de muito pequenas curtas, aqui se registam os seus nomes e realizadores: “Biblioteca” (Duarte Branquinho), “Rua da Sardinha” (Teresa Dias), “Estatuária Abrantes” (Rui Rodrigues), “A Noite Abrantina” (Nuno Alves) e “PF” (Blandina Machado).

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Nessa altura foi recuperado e restaurado o vídeo feito nos anos 70, por Vítor Marques, “1º de Maio – 5 de Outubro de 1974”, documento único sobre a primeira manifestação realizada em Abrantes no pós-25 de Abril.

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O primeiro estágio foi realizado dentro do âmbito do projecto “Há Cinema na Aldeia” e conduziu à produção de vários documentários realizados por Margarida Gil e Ana Casimiro: “O Fio do Casulo”, “As saudades que eu tinha da minha alegre casinha” e “Conversa Fiada” (todos de 2008).

 

Nos três últimos estágios, que decorreram até 2011, no âmbito do já citado projecto, Mariana Castro e Sílvio Santana realizaram “Ti Filipe” (2009), “O Sustento da Vida” (2010), “O Tempo Refletido” (2010) e “Imenso Mundo de Dentro – Maria Lucília Moita” (2010); Mónica Batista e Sara Santos realizaram “Confluências do Tejo” (2011); Carolina Marques realizou o documentário “Escolas de S. Facundo” (2011); e Pedro Branco realizou “Ribeiras de Abrantes” e “Dona Júlia” (ambos em 2011). Ainda se fizeram, para a associação de jovens empresários, os trabalhos “Spot” (Mariana Castro e Sílvio Santana), em 2010 e “Azeite” (Mónica Bastos e Sara Santos).

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A produção dos filmes realizados nestes estágios contou com a parceria entre o Espalhafitas e a Escola Superior de Tecnologia de Abrantes (ESTA) e tem-se revelado de uma extrema fecundidade, traduzida em resultados que levaram à produção de cinema documental, com trabalhos que são únicos, relativamente à denúncia de situações de abuso ambiental (“Ribeiras de Abrantes”) e ao registo de profissões em vias de extinção (o filme “O Sustento da Vida”, acerca do ofício de um moleiro, teve honras de reportagem no programa RTP Regiões).

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O projecto “Cinema na Aldeia”, iniciado em 2008, tem como objectivo a produção de documentários relativos ao património cultural e à memória histórica das terras e sua gente, bem como a exibição de cinema ao ar livre e para públicos específicos: infantil e sénior.

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ANIMAIO

O projeto ANIMAIO é seguramente a actividade cinematográfica mais (re)conhecida do Espalhafitas, quer a nível local, quer fora de portas. Foram realizados cerca de 40 filmes, muitos foram apresentados em festivais de cinema de animação e alguns obtiveram prémios relevantes (ver Projectos).

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Festas do Cinema e da Cultura

De 2004 a 2011 o cineclube realizou seis Festas do Cinema e da Cultura, festas de convívio entre a comunidade e grupos específicos, em que o lado cultural – com destaque para o cinema - assume um papel importante.

 

A primeira foi realizada no mês de Maio em 2004 dedicada a Cabo-Verde: Nos Ku Nos.  Seguiu-se Espanhafitas - Festa do Cinema e da Cultura Espanhola. As seguinte foram dedicada à Ucrânia (22 a 26 de Maio de 2005), Japão (14 a 19 de Julho de 2008) e Itália (2 a 6 de Junho de 2010) com uma extensão da Festa do Cinema Italiano. De 6 a 9 de Abril de  2011 foi organizada uma festa da cultura cigana, “Djelem, Djelem”. No Cine-Teatro S. Pedro, Luciana Fina apresentou o seu documentário "TARAF três contos e uma balada" e realizou-se um concerto da Orquestra de Mirandela dirigida por um maestro da comunidade cigana da Estremadura (este espectáculo foi filmado por um canal privado espanhol de etnia cigana). Foram exibidos ainda vários filmes em escolas da cidade e do concelho. Teve lugar ainda um colóquio, com vários participantes, sob a temática da integração e marginalização da comunidade cigana. Também, o filme “Sou Cigano” foi realizado com a participação de alunos da Escola Secundária Dr. Solano de Abreu, tendo alguns membros da comunidade escolar cigana como protagonistas.

 

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Muitos outros eventos serão aqui mencionados, mas à laia de balanço geral, pode dizer-se que têm sido anos de “uma maré de actividades cinéfilas”.

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 - Adaptado do texto de João Antunes, publicado na Revista Cinema, n.º 43.

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