Quarta, 5
Regresso a Seul de Davy Chou
(ROM, Qatar, FRA, BEL, ALE, Camboja, Coreia do Sul, 2022, 115')
Freddie – interpretada por Park Ji-Min, artista plástica coreana que vive em França desde os oito anos de idade – decide conhecer a Coreia do Sul, o seu país natal. Adoptada em bebé por um casal francês, ela sente curiosidade em descobrir as suas origens, conhecer os pais biológicos e perceber os motivos que os levaram a abandoná-la. Apesar de a levar por caminhos tortuosos, essa vai ser uma importante jornada de transformação e de descoberta de si mesma.
Explorando questões sobre origem, identidade, adopção internacional e racialização, este drama foi realizado e escrito pelo francês de origem cambojana Davy Chou (“Le sommeil d'or”, “Diamond Island”), que se inspirou na verdadeira história de Laure Badufle, uma amiga sua. PÚBLICO
Quarta, 12
A Voz das Mulheres de Sarah Polley
(EUA, 2022, 104')
Versão cinematográfica do “best-seller” homónimo escrito pela canadiana Miriam Toews que, por sua vez, se inspira no caso de abusos sexuais contra mulheres e crianças ocorridos entre 2005 e 2009 na Colónia de Manitoba, uma comunidade menonita baseada no cristianismo evangélico, instalada numa zona remota da Bolívia. A história ficciona o debate de um grupo de mulheres que têm de deliberar sobre o destino dos homens da comunidade que, utilizando um forte analgésico usado em animais, as violaram em segredo durante anos. A decisão entre ficar e perdoar o que lhes foi feito; lutar contra crenças religiosas e tradições profundamente enraizadas; ou partir para um mundo desconhecido para o qual não foram preparadas, é difícil e longe de ser consensual.
Com argumento e realização de Sarah Polley (“Longe Dela”, “Histórias que Contamos”), este drama de forte cariz feminista recebeu o Óscar de melhor argumento adaptado e conta com as actuações de Rooney Mara, Claire Foy, Jessie Buckley, Judith Ivey, Ben Whishaw e Frances McDormand (que também produz, ao lado de Brad Pitt). PÚBLICO
Quarta, 19
O Que Podem as Palavras de Luísa Sequeira e Luísa Marinho (PT, 2022, 76')
Uma coisa que se ouve dizer a propósito de Mariana Alcoforado em "O Que Podem as Palavras": toda a mulher que ousa pensar por si própria e levantar a voz, mais tarde ou mais cedo, vira bruxa. Parafraseamos, claro; mas, nas vozes e nas palavras de Maria Isabel Barreno (1939-2016), Maria Teresa Horta (n. 1937) e Maria Velho da Costa (1938-2020), nas suas "Novas Cartas Portuguesas" (1972) e nas conversas com a saudosa Ana Luísa Amaral (1956-2022) que estão na base do filme de Luísa Sequeira e Luísa Marinho, é da agência e da decisão das mulheres que se trata, da manifestação – através da linguagem que era o único caminho que a sociedade lhes deixava aberto – da sua existência enquanto seres de corpo inteiro e livres das algemas que os outros (isto é, os homens) lhes entendiam colocar. Jorge Mourinha, PÚBLICO
Quarta, 26
Objectos de Luz de Marie Carré e Acácio de Almeida
(PT, 2022, 67')
Assinado por Marie Carré e Acácio de Almeida, que partilham o cinema e a vida há quatro décadas, este filme-ensaio combina uma meditação sobre a luz com uma memória de vida e de cinema, de algum modo resumindo as lições de uma carreira riquíssima. “Objectos de Luz” recupera imagens de algumas das muitas dezenas de filmes em que Acácio de Almeida trabalhou – com realizadores como Alain Tanner, António da Cunha Telles, António Reis e Margarida Cordeiro, João Botelho, João César Monteiro, José Fonseca e Costa, Manoel de Oliveira, Margarida Gil, Paulo Rocha, Raul Ruiz, Rita Azevedo Gomes ou Teresa Villaverde. E nesse processo homenageia Maria Cabral, a actriz que, em “O Cerco” ou “O Recado”, foi o “rosto” do “Cinema Novo” português, ou confronta com as suas próprias imagens Luís Miguel Cintra ou a imensa Isabel Ruth. Jorge Mourinha, PÚBLICO
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