Segunda-feira, 7 de Dezembro de 2020 (Edifício Chiado)
ASCENSÃO (1977, 105’) de LARISA SHEPITKO
Larissa Chepitko (1938-1979) pertence a uma das mais importantes gerações do cinema soviético, formada durante os anos sessenta, a mesma de Nikita Mikhalkov, Andrei Konchalovsky, Kira Muratova e Andrei Tarkovsky. Chepitko morreu aos 41 anos, num acidente de viação. "Ascensão", o seu último filme, obteve o Urso de Ouro no Festival de Berlim. Filmada a preto e branco, em grande parte no inverno, esta obra severa e poderosa tem lugar durante a II Guerra Mundial. Mas, longe do hieratismo convencional dos inúmeros filmes soviéticos sobre o tema, a realizadora concentra-se em duas personagens, conseguindo o prodígio de fazer uma obra profundamente interiorizada. Um filme terrível e magnífico. Texto: Cinemateca Portuguesa.
Segunda-feira, 14 de Dezembro de 2020 (Edifício Chiado)
AMOR FATI (2020, 101’) de CLÁUDIA VAREJÃO
O título vem de uma frase latina ligada aos filósofos estóicos. "Amor fati" significa "o amor ao destino", a ideia de que tudo o que acontece na vida, bom ou mau, acontece por um motivo. Este filme é uma manifestação dessa ideia. Apostando numa abordagem emocional às pessoas que filma, Cláudia Varejão ("No Escuro do Cinema Descalço os Sapatos", "Ama-San") constrói um mosaico para olhar o quotidiano de indivíduos muito diferentes – irmãs, mães e filhas, donos e animais, famílias –, que se tornam de certa forma parecidos por estarem ligados por algum tipo de amor. A autora descreve-o como uma "celebração da vida", mas também um olhar íntimo sobre vozes interiores que fazem de cada um de nós quem somos. Durante dois anos, a realizadora procurou "em Portugal de norte a sul, por histórias de amores inabaláveis que se expressavam, à primeira vista, em fisionomias semelhantes". Segundo a produtora Terratreme, o filme "vai ao encontro de partes que se completam". "São retratos de casais, amigos, famílias e animais com os seus donos. Partilham a intimidade dos dias, os hábitos, as crenças, os gostos e alguns traços físicos". PÚBLICO
Quarta-feira, 16 de Dezembro de 2020 (Edifício Chiado)
O ESPECTADOR ESPANTADO (2016, 70’) de EDGAR PÊRA
Sob a forma de documentário 3D, Edgar Pêra tenta investigar o que é o cinema nos dias que correm e o seu significado numa altura em que os formatos em que é consumido estão a mudar constantemente. É essa a premissa deste filme centrado numa sala de cinema, uma obra feita de fragmentos dos seus filmes anteriores e entrevistas a nomes como Laura Mulvey, Olaf Möller, Wanda Strauven, Augusto M. Seabra, Laura Rascaroli ou Eduardo Lourenço. Chega às salas dois anos depois de se ter estreado no Festival de Roterdão. PÚBLICO
Sexta-feira, 18 de Dezembro de 2020 (Edifício Chiado)
RASGAR O PASSADO (2006, 86’) de Cláudio Jordão, João Costa, José Moreira, Luís Diogo
Há sempre um passado em cada novo ato de vida.
Valerá a pena mantê-lo assim tão presente?
Valerá a pena procurar Igor Chamada e o seu “Projeto da felicidade?
Valerá a pena procurar a tal gruta de que reza a lenda que cada mulher infértil que lá entra, de lá sai grávida?
Terá sentido suspeitar que aquele vagabundo pode ser o pai que ela nunca conheceu?
Sobretudo se reza a História, que tudo começou com uma Grande Explosão.
A questão é... porquê?
Segunda-feira, 21 de Dezembro de 2020 (Edifício Chiado)
O DIA MAIS CURTO - NOVAS CURTAS PORTUGUESAS
NESTOR de João Gonzalez · Portugal · Reino Unido (2019 · ANI · 6’)
Nestor, um homem com vários comportamentos obsessivo-compulsivos, vive num barco-casa instável que nunca para de oscilar.
BUSTARENGA de Ana Maria Gomes · Portugal · França (2019 · DOC · 30’)
Como acontece em todos os verões desde que nasceu, Ana vai a Bustarenga, uma pequena aldeia situada na montanha, no interior de Portugal. Aos 36 anos, esta parisiense de origem portuguesa ainda é solteira. Os habitantes da aldeia, preocupados com o seu futuro, fazem-na compreender que o tempo urge. Ana vai ouvir os conselhos e os avisos dos moradores para encontrar o príncipe encantado segundo os preceitos da aldeia.
NHA MILA de Denise Fernandes · Portugal · Suíça (2020 · FIC · 19’)
Depois de 14 anos longe da sua terra natal, Salomé viaja para a Ilha de Santiago, Cabo-Verde, para ver o seu irmão cuja vida está presa por um fio. Faz escala no aeroporto de Lisboa, onde Águeda, empregada de limpeza, a reconhece como "Mila", sua velha amiga de infância. Águeda convida-a a passar as horas de escala em sua casa, com as mulheres da sua família. Enquanto Salomé luta para desmagnetizar a dolorosa ligação com a sua terra, o espírito do bairro devolve-a à essência à qual ela pertence.
O CORDEIRO DE DEUS de David P. Vicente · PT· FR (2020 · FIC · 15’)
As festas de verão de uma vila portuguesa enchem-se de sensualidade e violência neste enigmático retrato de uma íntima família.
Terça-feira, 22 de Dezembro de 2020 (Edifício Chiado)
ELDORADO XXI (2016, 125’) de SALOMÉ LAMAS
Situada nos Andes peruanos, 5100 metros acima do nível do mar, La Rinconada é a povoação mais alta do mundo. Devido à sua localização, o clima é agreste, com uma temperatura média anual a rondar os 1,2 graus centígrados. Com uma mina de ouro nas proximidades, vive a triste ilusão do "eldorado". Motivados pela esperança ou pelo desespero, e com a súbita subida de preço do ouro nos últimos anos, muitos peruanos rumam até lá, acreditando que o sacrifício os ajudará a enriquecer e a mudar de vida. Mas a cidade cresceu desordenadamente, sem infra-estruturas básicas que possam proporcionar uma existência condigna. Este documentário descreve simultaneamente os sonhos e a miséria dos milhares de pessoas que ali habitam.
Segunda longa-metragem de Salomé Lamas ("Terra de Ninguém"), "Eldorado XXI" foi estreada internacionalmente no Festival de Cinema de Berlim e venceu a terceira edição do Porto/Post/Doc. PÚBLICO
Quarta-feira, 23 de Dezembro de 2020 (Edifício Chiado)
PÁRA-ME DE REPENTE O PENSAMENTO (2014, 101’) de JORGE PELICANO
"Pára-me de repente o pensamento/Como que de repente refreado/Na doida correria em que levado/Ia em busca da paz, do esquecimento..." Assim começa o poema publicado em 1915 na revista "Orpheu", da autoria de Ângelo de Lima. Em 1894, o poeta e pintor foi internado no Centro Hospitalar Conde de Ferreira (Porto) com o diagnóstico de "delírio de perseguição". Para reencontrar a personagem para a sua peça de teatro, o actor Miguel Borges decide passar três semanas com os actuais pacientes do hospital. Durante esse tempo, partilha com eles as conversas, as refeições, as terapias, o café e os cigarros. O documentarista Jorge Pelicano ("Ainda Há Pastores" e "Pare, Escute, Olhe") pega na câmara e segue os seus passos, filmando 250 horas desse convívio e aprendizagem. A montagem final resultou num tratado de uma hora e meia sobre a loucura e a lucidez. PÚBLICO
Segunda-feira, 28 de Dezembro de 2020 (Edifício Chiado)
PEÇA INACABADA PARA PIANO MECÂNICO (1977, 103’) de NIKITA MIKHALKOV
Baseada em “Platonov”, de Anton Tchékhov, esta história retrata a vida da pequena nobreza russa no final do século XIX. Professor numa aldeia, Platonov está a atravessar uma crise emocional: acha que a sua vida não tem um propósito e atormenta-se a si e à sua mulher por essa razão. O outro protagonista do filme, o doutor Terletsky, detesta os seus pacientes e o seu trabalho. Já os convidados instalados em casa da mulher do general, Anna Petrovna, falam dos prazeres da vida simples na aldeia, não acreditando no que dizem.
Terça-feira, 29 de Dezembro de 2020 (Edifício Chiado)
HOTEL IMPÉRIO (2019, 82’) de IVO M. FERREIRA
Maria, de origem portuguesa, viveu toda a vida no Hotel Império, um lugar outrora famoso, situado numa zona nobre de Macau. Apesar das dificuldades em manter o espaço, tenta não ceder às constantes pressões dos especuladores imobiliários para vender o edifício. Mas, quando o filho da co-proprietária do hotel regressa a Macau depois de duas décadas de ausência, a situação de Maria complica-se ainda mais.
Estreado no Festival de Cinema de Pingyao (China), um drama realizado pelo português Ivo M. Ferreira ("Cartas da Guerra"), segundo um argumento seu e de Edgar Medina. O elenco inclui Margarida Vila-Nova, Rhydian Vaughan, Kwok-Leung Gan, Cândido Ferreira e Tiago Aldeia, entre outros. PÚBLICO
Quarta-feira, 30 de Dezembro de 2020 (Edifício Chiado)
CRUZEIRO SEIXAS - AS CARTAS DE REI ARTUR (2015, 85’) de CLÁUDIA RITA OLIVEIRA
Estreia na realização de longas metragens Cláudia Rita Oliveira, que fez curtas como "Take my Head" ou "Candidíase" e foi montadora, por exemplo, de "José e Pilar", de Miguel Gonçalves Mendes, que é, aliás, o produtor deste filme. É um documentário sobre Artur do Cruzeiro Seixas, o artista, pertencente, com Mário Cesariny, António Maria Lisboa e Mário-Henrique Leiria, entre outros, ao Grupo Surrealista de Lisboa. É sobre a relação amorosa e de trabalho com Cesariny, tempestuosa e intensa, que incide o filme, que passou no DocLisboa. PÚBLICO
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